quarta-feira, 29 de setembro de 2010

BR Tablet (Lap Tup-niquim): Que fim levou?

(Copiado deste site)

Na cidade de Serrana, próxima à Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, nasceu uma idéia que se apresenta como uma alternativa aos programas de inclusão digital na educação. O projeto, batizado de Lap Tup-niquim, envolve um conceito novo, com uma tela sob a carteira sensível a toques, sobre a qual se pode escrever, fazer desenhos ou equações. A tecnologia empregada, conhecida como BR Tablet, é nacional e foi patenteada pelo Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA). Neste mês de abril, cerca de 250 carteiras digitais irão chegar às salas de aula da cidade.
A carteira digital tem a aparência e a utilidade de uma convencional. Sobre o seu tampo de vidro, o aluno escreve e apóia livros normalmente. Mas, caso a professora deseje, o tampo torna-se um monitor de computador, sensível ao toque, sobre o qual o aluno escreve, desenha, faz cálculos, acessa a internet e trabalha com softwares educacionais. O tampo pode ser levantado, e abaixo dele fica um teclado, caso seja necessário digitar. A CPU do computador fica integrada ao tampo.
Aluna experimenta a carteira digital em evento. Fotos: Victor Mammana

Miguel João, diretor de Projetos de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Serrana, afirma que a cidade investe muito em educação e já tinha instalado em salas de aula a lousa digital; uma superfície que serve tanto para que o professor escreva, quanto para projetar imagens de um computador, como apresentações de slides ou sites da internet. “Quando nós conhecemos o trabalho do Victor Mammana e da Alaíde Mamman, desenvolvedores da tecnologia do BR Tablet, nós tivemos a idéia da carteira”, conta.
A patente do BR Tablet foi registrada pelo CenPRA em 2001 e concedida nos Estados Unidos em 2005, e Victor Mammana, pesquisador chefe da Divisão de Mostradores da Informação é um de seus autores. Existem várias patentes para telas de toque, mas há duas singularidades na do Tablet brasileiro: o preço final, muito inferior ao de outras tecnologias e o seu funcionamento multiponto, em que a tela pode ser tocada em vários lugares ao mesmo tempo. “Quando eu apresentei nossos trabalhos com o Tablet, muitas idéias de aplicação vieram até mim. A que mais me chamou atenção foi a de Serrana. Estamos trabalhando juntos. Meu papel foi colocar a tecnologia funcionando nas carteiras”, diz Mammana.
A maneira como um usuário interage com uma máquina, tecnicamente conhecida por interface, é totalmente alterada nesse modelo da carteira digital. O Lap Tup-niquim utiliza-se de um conceito novo de interação, denominado Surface PC, ou computador de superfície. Desse modo, um usuário não usa mouses ou teclados, todo o clique e escrita são feitos através de uma caneta que toca a tela. A tecnologia do Tablet, do CenPRA, liberada para uso nesse projeto com escolas públicas, barateou muito o display, pois é fabricada com materiais mais simples e, ao invés de usar o toque com os dedos, usa uma caneta. A diferença de preço chega a ser até 15 vezes menor do que os displays de toque convencionais.
Victor Mammana foi um dos avaliadores do programa “Um computador por aluno”, do governo federal. Os laptops de US$ 100 da OLPC (Um computador por criança, na sigla em inglês) e os modelos da Intel eram submetidos a ele para que fossem estudadas as condições de ergonomia e trabalho com estes computadores. "Nós tínhamos a impressão de que o display de 7 polegadas era pequeno demais e prejudicava o aluno. Até que fizemos um trabalho de ergonomia cognitiva que atestava isso. Para esse trabalho, contei com a colaboração das professoras Cynthia Hiraga, da USP, e Ana Maria Pellegrini, da Unesp, que coordenaram as atividades de avaliação cognitiva e postural", conta. "O que me encantou na idéia de Serrana é que ela traz o computador para a sala de aula sem interferir na dinâmica dela. É uma carteira, que pode servir para apoiar um livro e escrever, mas também é um computador, que a qualquer momento pode acessar a Wikipedia ou o Google Earth", completa.
O pesquisador afirma que a carteira digital ainda não tem um preço definido. Os 250 protótipos de Serrana estão com um custo de aproximadamente R$ 1 mil por unidade. O grande problema, segundo ele, é que os laptops de US$ 100 estão saindo por quase US$ 400, cerca de R$ 700. “Tanto é que o MEC Ministério da Educação fez uma licitação para comprar laptops, que foi cancelada. Com R$ 750, você compra um desktop com uma configuração muito superior a esses laptops”, argumenta.
No programa de Serrana, o custo é afetado pelo fato da produção das carteiras digitais não ser industrializada. O pesquisador do CenPRA acredita que numa escala maior, o preço pode ser reduzido para até R$ 800, um valor próximo ao atual dos laptops. Na cidade do interior, o processo de fabricação é feito por incubadoras sociais. A prefeitura centralizou os serviços de serralheria, pintura, eletricista e marcenaria e criou o Centro de Reuso de Equipamentos de Serrana. Ali, as carteiras convencionais são reformadas e convertidas em digitais.
Miguel João, da Prefeitura, fala das vantagens que enxerga nesse modelo. “Nós estamos reutilizando as próprias carteiras que tínhamos antes, e fazendo isto na própria cidade. Além disto, existe a questão do empoderamento. Quando a própria população participa do processo produtivo, a comunidade tem orgulho disto. Além disso, tendo o controle do processo no local, nós podemos experimentar alterações no projeto. Agora, por exemplo, estamos trabalhando num modelo para cadeirantes”.
Victor Mammana, do CenPRA, enxerga o projeto indo adiante no país. Ele relata que a Secretaria de Inclusão Social do Ministério de Ciência e Tecnologia tem interesse no Lap Tup-niquim. “O Tablet resgata a escrita. A criança usa o computador, mas mantém a escrita. Há uma interação direta com a imagem. Não tem mouse, o que evita problemas ergonômicos, usando-se a caneta. O laptop da OLPC tem um display muito pequeno, o que dificulta muito pedagogicamente”, avalia.


Engraçado que eu não me lembro de uma coisa dessas passar na TV. Um projeto revolucionário desses, com certeza não deve ter passado dos limites de Serrana, sendo assim mais um gênio desperdiçado, infelizmente. Afinal, o Brasil faz de tudo para manter a sua educação no nível baixo onde está, com raríssimas exceções.

Gostaria - E muito - de estar errado.

Mais informações neste site e neste site.

3 comentários:

juliana de aguiar disse...

as carteiras estão aqui sim mas não são usadas não , é um verdadeiro estorvo,as carteiras vivem quebradas, os professores não tem capacitação, e os alunos não tem respeito...

Ravengar disse...

Uma pena, o Brasil poderia sair na vanguarda da Educação com atitudes simples e não tão onerosas quanto se pensa.

Juliana, não há uma espécie de curso para capacitar os professores a ensinarem os alunos a usar essas carteiras?

juliana de aguiar disse...

olha Ravengar poderia ter sim, mas infelizmente aqui na minha cidade é uma vergonha, os alunos sabem mais que os professores, mas na minha cidade o que manda é a politica, é uma cidade sem lei, na escola que foi emplantado essas carteiras, metades dos funcionarios é a favor do prefeito, e a outra metade contra, e isso interfere no andamento das coisas, ate mesmo na esducação, na minha cidade foi investido muita coisa qu8e acabaram se tornando elefantes brancos, daqueles bem grande, eu ja tentei muda isso, mas infelizmente sou eu sozinha, umamãe sem apoio nenhum...